As quatro estações, a vida e seu negócio
Imagem: Nathan Dumlao, Unsplash
Por Dulcineia Sañtos
Outro dia perguntei à uma pessoa como ela estava, e ela respondeu: “num momento de reflexão”. Pensei: “gente, esse povo não cansa?” E então me lembrei: era inverno no Brasil. Eu estava em Portugal, num verão de 35 graus e a última coisa que eu queria era olhar pra dentro. E nós duas estávamos certas.
Na mitologia grega há o mito de Perséfone, a deusa da agricultura, filha de Démeter, a deusa mãe. Perséfones foi raptada por Hades e, após um acordo feito entre ele e Démeter, passou a viver três meses no submundo (correspondentes ao inverno, quando sua mãe ficava muito triste) e os outros nove meses na Terra, correspondentes à primavera, verão e outono. Era quando ela subia à superfície e a mãe deusa estava alegre que a Terra se enchia de flores e alimentos.
Da mesma maneira em nossas vidas as estações têm o seu papel e são bastante representativas.
A primavera, correspondente aos primeiros 21 anos da vida, para a Antroposofia, é o período de atividade e crescimento. O temperamento relacionado à esta fase é o sanguíneo: alegre, inquieto.
Aqui na Europa no começo desta estação costuma-se fazer uma faxina geral, a chamada “Spring cleaning” ou “limpeza de primavera”. É quando, após um longo inverno, limpamos as janelas, ou seja, trazemos nosso olhar, que esteve reflexivo, para o mundo lá fora.
O verão se dá entre os 21 e os 42 anos. É quando a pessoa está no seu pico, como o sol de meio-dia. O temperamento que corresponde a este período do ano é o colérico: cheio de energia e determinação. Um exemplo de uma pessoa colérica era Napoleão.
O outono é o período de vida entre os 42 e os 63 anos. É o período em que a Terra e a vida dão frutos. Ao mesmo tempo é quando as capacidades regenerativas começam a arrefecer. É o momento de rapto de Perséfone, que simboliza uma iniciação. Este período se mostra no temperamento melancólico.
A partir dos 63 anos vivemos o inverno. Um momento de serenidade, de reflexão, de introspecção e equilíbrio. Um momento necessário de renúncia e inatividade, para que a Terra descanse e se prepare novamente para primavera.
Podemos também usar esta perspectiva para olhar para os nossos negócios: há o inverno, um momento de se recolher para amadurecer uma ideia, de esperar. É uma época com poucos recursos.
Depois a primavera, onde as nossas ideias começam a ser postas no papel e florescem – no começo ainda cuidadosamente, pois ainda é “frio” lá fora e os brotos são delicados.
O verão do seu negócio é a época de mostrar sua ideia pro mundo, de se expor, de impacto, de força.
No outono é a época em que as folhas caem. É o tempo certo para desistir do que não faz mais sentido, do que já secou.
Quanto mais nos harmonizamos e nos tornamos um com a natureza, menos atrito sentimos com o que se passa dentro de nós e com o que temos que entregar para o mundo.
Dulcineia Sañtos é Life Coach, certificada pelo NeuroLeadership Group em Londres.
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